Pego ou pegado- verbos abundantes - origem
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Por
Julie de Pádua
-
Talita Abrantes, de Exame.com
* Respondido
por Diogo Arrais, professor de língua portuguesa do Damásio Educacional
Você já
ouvir falar sobre verbos abundantes? São aqueles que apresentam duas ou três
formas: havemos e hemos; constrói e construi; pagado e pago; secado e seco.
Normalmente,
tal abundância ocorre no particípio e o uso correto depende do verbo auxiliar.
Vejamos:
A forma
regular do particípio (com final em –ado ou –ido) deve ser combinada com os
auxiliares “ter” ou “haver”, como ilustra este exemplo:
“Caetano
havia aceitado as biografias.”
Já a forma
irregular do particípio – que se flexiona em gênero e número – deve ser
combinada com os auxiliares “ser” ou “estar”:
“As
biografias foram aceitas por Caetano.”
Bingo!
Quer dizer que a biografia, não autorizada, foi “compra”? Jamais! A regra acima
só vale para os verbos abundantes; “chegar”, “comprar” e “trazer” não são
abundantes. Ratifico: inexistem as formas, no particípio, “foi compro”, “foi
trago”, “tem chego”.
Por uma
questão de uso, o verbo “pegar” acabou se tornando, no Brasil, abundante.
Usando corretamente o verbo auxiliar, vale sim registrar:
“Chico
tinha pegado a biografia de Caetano.”
ou
“A
biografia não autorizada foi pega (é ou ê) por Caetano.”
É verdade
que apenas por uso linguístico brasileiro surgiu o famoso “pego”? Sim!
Etimologicamente, o particípio irregular “pego” não possui lógica. As formas
verbais “secado” e “seco”, por exemplo, advêm do Latim “siccare” e “sicus”
respectivamente. Para o verbo “pegar”, o Latim registra apenas “picare -
pegado”, e nunca “picus - pego”.
Um abraço,
até a próxima e siga-me pelo Twitter!
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