Exercícios de Interpretação de textos
Exercício de interpretação de texto.
Leia os 5 textos abaixo, após isso escreva o tema central de cada texto, usando trechos para comprovar sua resposta. Use o esquema abaixo:
O texto 1 tem como tema principal ________________________. Posso comprovar isso pelos seguintes trechos: _______________________...
Texto 1
Comediantes estão cada vez mais sendo perseguidos
O humor é um
constante trabalho de reinvenção, todos os dias é preciso pensar fora da caixa.
Construir uma boa piada é tentar distrair a mente do público para causar uma
surpresa, para que o desfecho não seja previsível e cause no espectador o espasmo
da risada em sua face. Acredito que o processo para se fazer graça em tempos
que a profissão está cada vez mais concorrida continua o mesmo. Sempre
precisamos buscar outros caminhos e aplicar o mesmo processo de criação nas
escolhas e formas de fazer piada. Também acho importante estar sempre conectado
com as notícias e ter agilidade para não perder o "timing".
Só que a
gente que faz comédia está cada dia mais perseguido, e isso é muito ruim para o
comediante. Esses dias fiz piadas sobre a manifestação e acabei sendo
perseguido. Outro dia a piada falava do frio de Curitiba e acabei sendo
ameaçado por feministas, ou seja, uma cutucada dispara outra e é preciso ficar
atento. Só que ficar atento não é bom para o humor, o humor tem que ser verdadeiro
e ácido quando necessário.
Se você
pensar duas vezes se vai ou não vai ofender alguém é melhor nem fazer piada,
porque a piada sempre vai ter um alvo. Acredito que é possível fazer piadas com
qualquer assunto, depende só de como você trata esse assunto e da dose de
exagero que você coloca para que fique engraçada. Não devemos, enquanto
humoristas, focar somente em um estilo de comédia para não cansar e saturar o
público. Claro que sempre devemos ser honestos com a plateia, o consumidor de
humor saca quando o comediante está forçando uma barra.
O processo
criativo deve ser provocado, não adianta esperar que as ideias apareçam, é
preciso exercício. Criar é uma aeróbica mental e, na maioria das vezes, as
ideias estão lá só esperando para serem resgatadas. O humorista não pode ter
medo de tentar, até porque esse é o nosso trabalho. Nunca saberei se a piada
funciona ou não até a hora que subo no palco e me arrisco. Já cansei de sair
com três páginas de texto escrito e conseguir salvar só três piadas que
realmente funcionaram, e olhe lá.
Fazer
televisão também é sempre muito importante porque divulga e populariza, mas
hoje em dia veículos como as redes sociais, Facebook, YouTube e Twitter, além
de ajudarem a divulgar o seu trabalho, servem como um mailing pessoal para
levar público ao teatro e isso reflete em bilheteria. Claro que televisão ainda
é muito importante, mas existe, por exemplo, um mercado enorme e rentável para
comediantes no meio corporativo. O cinema nacional está se abrindo cada vez
mais para a comédia, sitcoms, web séries, vlogs, uma infinidade de opções para
o comediante se destacar. Quando comecei a fazer comédia não existiam tantas
possibilidades para mostrar meu trabalho como existem hoje. Por isso hoje procuro
usar tudo isso ao meu favor, no meio de várias tentativas, algumas sempre
acabam virando e dando certo, mas é preciso insistir e fazer o seu, e de
preferência não ligar muito para concorrência.
Disponível em:
http://noticias.uol.com.br/opiniao
Texto 2
Os professores da rede municipal de São Paulo estão em greve
há mais de um mês. E nesta terça-feira, dia 27, realizam mais uma manifestação,
desta vez na Avenida Paulista. O blog pediu para que a professora Nelice
Pompeu, há 13 anos na rede, escrevesse sobre os motivos da paralisação dos
professores e demais profissionais da educação.
‘Professores em greve também educam’, defende professora da
rede municipal de SP
A luta por um
ensino público de qualidade sempre foi uma bandeira defendida por todos os
partidos, principalmente nas épocas que antecedem as eleições. Nesses períodos,
nós professores somos lembrados e admirados, com discursos de valorização e
reconhecimento, mas que infelizmente não se concretizam, ficam só na promessa.
Por isso, professores estão se organizando em movimentos, que avançam em todas
as regiões do país, num só coro que clama pela EDUCAÇÃO. Para uns teóricos, que
adoram dar “pitaco” no ensino público, sem ao menos conhecer a nossa realidade,
pode parecer até discurso de vitimização. Mas como professora há 23 anos,
garanto: a educação pede socorro e seus educadores também!
Os reflexos desse
descaso estão bem evidentes. A sociedade inteira acaba sendo prejudicada.
Lembrando que a escola pode ser pública, mas não é gratuita. Quando tentamos
sair dessa invisibilidade, indo para as ruas como uma forma de educar e chamar
a atenção, somos criticados numa visão limítrofe, como se estivéssemos lutando
apenas por questões salariais. Nossa luta é muito mais ampla! Não fazemos greve
para prejudicar os alunos nem as famílias. Greve é uma situação limite. Ela
acontece quando todos nossos esforços de diálogos foram esgotados, sem
resultado. É difícil para todos os lados.
No ano passado,
os Kits de materiais dos alunos da rede municipal de São Paulo foram entregues
apenas em novembro. Quantas vezes eu e colegas tivemos que comprar material
escolar com nosso próprio salário para dar continuidade ao trabalho e não
prejudicar os alunos. Neste ano, o material encaminhado é totalmente inadequado
para a Educação Infantil, no absurdo de enviarem até um caderno universitário
pautado para crianças pequenas. Fora a redução dos itens que compõem o Kit. Nos
Centros de Educação Infantil (CEIs), criaram “agrupamentos mistos”, com
crianças de diferentes faixas etárias no mesmo grupo para atender a demanda por
vaga em creche na cidade. As professoras também não têm direito a intervalo,
como os demais profissionais.
Diante das
dificuldades, fica inviável um trabalho pedagógico de qualidade, como nossos
alunos merecem. Afinal, a escola não é um depósito de crianças. Precisamos de
condições de trabalho como qualquer outro profissional para exercermos nossas
funções. No ensino fundamental, as horas de estudo e preparação de aulas dos
professores foram substituídas pelo Sistema de Gestão Pedagógica, que funciona
como um diário eletrônico. Este aplicativo apresenta muitos problemas técnicos
e estruturais, perdendo totalmente a sua função.
Em condições
adversas, os professores continuam perdendo a saúde. As longas jornadas de
trabalho e a problemática da violência nas escolas fazem com que os
profissionais de educação adoeçam, e até agora nenhum programa da Prefeitura
propôs acompanhar essa questão, buscando minimizá-la. Pelo contrário, são
criados mecanismos para punir o absenteísmo, como o PDE, que ainda é chamado de
“Prêmio por Desenvolvimento Educacional”. Por isso, a necessidade de lutar se
fez necessária!
A situação de
greve não nos agrada também. O período é de incertezas e medo. O governo atual
do PT, partido que surgiu das greves, ao invés de negociar e dialogar com a
categoria, utiliza de mecanismos intimidatórios. Muitos grevistas terão o ponto
cortado, o que significa que ficarão sem salário neste mês. Do que adianta,
nessas horas de impasse, o discurso que escola de qualidade se faz com
profissionais não apenas bem remunerados, mas principalmente por profissionais
motivados, seguros e com uma estrutura que lhes possibilite transmitir o que
lhes foi confiado, ir na contramãos de certas atitudes? Nós profissionais da
educação, mais do que ninguém, torcemos para que essa situação termine logo.
Provavelmente as aulas perdidas serão repostas, e nenhum aluno será
prejudicado. Estamos empenhados na luta por uma educação pública de qualidade,
que forme cidadãos críticos e responsáveis. Para que isso aconteça, precisamos
contar com o apoio e respeito de todos.
Nelice Pompeu tem 41 anos. É professora há 23 anos, já foi
da rede estadual e há 13 anos é docente na Prefeitura. Atua na educação
infantil e no primeiro ciclo do ensino fundamental.
Disponível em: http://educacao.estadao.com.br/blogs
Aplicativo
de celular gratuito ajudará população a identificar notas de dinheiro falsificadas
O Banco
Central (BC) lançou nesta quarta (11) o aplicativo Dinheiro Brasileiro, que
fornece informações sobre os elementos de segurança do real. Também foi lançada
a nova versão do aplicativo Câmbio Legal, que localiza pontos de compra e venda
de moeda estrangeira. Os aplicativos para celular e tablet estão disponíveis em
português, inglês e espanhol e podem ser baixados gratuitamente na App Store e
na Google Play Store.
Para usar
o aplicativo Dinheiro Brasileiro é preciso aproximar a cédula da câmera do
aparelho. O aplicativo indica onde ficam os elementos de segurança para que a
população brasileira ou turista estrangeiro possa verificar se a nota testada é
verdadeira. Segundo o BC, a ideia é que o próprio usuário faça a verificação em
caso de dúvida, pois o aplicativo não tem a capacidade, nem a finalidade, de
verificar automaticamente a autenticidade das notas.
Segundo o
chefe do Departamento do Meio Circulante, João Sidney Figueiredo Filho, esse
tipo de iniciativa segue uma tendência internacional. Há aplicativos como esse
no México, no Japão e na zona do euro. “Achamos por bem trazê-lo para o Brasil,
aproveitando o momento em que turistas vêm para a Copa do Mundo”, disse.
Este ano,
até maio, foram recolhidas 132,3 mil notas de real falsificadas. A de R$ 100 da
segunda família foi a mais copiada, com 37,7 mil unidades. A orientação do BC
para quem recebeu uma cédula falsificada, sem perceber, é entregá-la a um
banco.
Hoje, o BC
também divulgou a nova versão do aplicativo Câmbio Legal, criado no ano
passado. A ferramenta para dispositivos móveis, que localiza pontos de compra e
venda de moeda estrangeira, tem agora novas funcionalidades. O aplicativo
permite a identificação de 13 mil pontos de atendimento cadastrados, sendo que
desse total, 10 mil são caixas eletrônicos. Esses dados de pontos de
atendimento são atualizados pelas próprias instituições financeiras.
O aplicativo também faz a conversão de mais de 160 moedas
diferentes e mostra o histórico das cotações. Outra novidade é que o usuário
pode consultar o Valor Efetivo Total (VET) cobrado nas operações de câmbio nas
instituições desejadas. O VET reúne, em um único indicador, a taxa de câmbio, o
tributo incidente e as tarifas eventualmente cobradas. O VET, no entanto, é
baseado na média de valor oferecido pela instituição financeira com dados do
mês anterior. Ou seja, não é exatamente o valor que será cobrado do cliente na
hora da compra da moeda. Entretanto, o chefe adjunto do Departamento de
Regulação Prudencial e Cambial do BC, Augusto Ornelas Filho, considera que a
informação serve de referência para quem vai comprar ou vender a moeda no banco
ou na casa de câmbio. “[Isso] não dá garantia para o cliente que for ao banco,
mas ele vai ter a referência para argumentar.
Texto adaptado. Fonte: http://acritica.uol.com.br/noticias/Aplicativo
-populacao-identificar -dinheiro-falsificadas_0_1154884540.html
Texto 4
A BELEZA E A ARTE NÃO CONSTITUEM NENHUMA GARANTIA MORAL
Contardo Calligaris
Gostei muito de
“Francofonia”, de Aleksandr Sokurov. Um jeito de resumir o filme é este: nossa
civilização é um navio cargueiro avançando num mar hostil, levando contêineres
repletos dos objetos expostos nos grandes museus do mundo. Será que o esplendor
do passado facilita nossa navegação pela tempestade de cada dia? Será que,
carregados de tantas coisas que nos parecem belas, seremos capazes de produzir
menos feiura? Ou, ao contrário, os restos do passado tornam nosso navio menos
estável, de forma que se precisará jogar algo ao mar para evitar o naufrágio?
Essa discussão já
aconteceu. Na França de 1792, em plena Revolução, a Assembleia emitiu um
decreto pelo qual não era admissível expor o povo francês à visão de
“monumentos elevados ao orgulho, ao preconceito e à tirania” – melhor seria
destruí-los. Nascia assim o dito vandalismo revolucionário – que continua.
Os guardas
vermelhos da Revolução Cultural devastaram os monumentos históricos da China. O
Talibã destruiu os Budas de Bamiyan (séculos 4 e 5). Em Palmira, Síria, o
Estado Islâmico destruiu os restos do templo de Bel (de quase 2.000 anos
atrás). A ideia é a seguinte: se preservarmos os monumentos das antigas ideias,
nunca teremos a força de nos inventarmos de maneira radicalmente livre.
Na mesma Assembleia
francesa de 1792, também surgiu a ideia de que não era preciso destruir as
obras, elas podiam ser conservadas como patrimônio “artístico” ou “cultural” –
ou seja, esquecendo sua significação religiosa, política e ideológica.
Sentado no escuro do
cinema, penso que nós não somos o navio, somos os contêineres que ele carrega:
um emaranhado de esperanças, saberes, intuições, dúvidas, lamentos, heranças,
obrigações e gostos. Tudo dito belamente: talvez o belo artístico surja quando
alguém consegue sintetizar a nossa complexidade num enigma, como o sorriso de
“Mona Lisa”.
Os vândalos dirão
que a arte não tem o poder de redimir ou apagar a ignomínia moral. Eles têm
razão: a estátua de um deus sanguinário pode ser bela sem ser verdadeira nem
boa. Será que é possível apreciá-la sem riscos morais?
Não sei bem o que é
o belo e o que é arte. Mas, certamente, nenhum dos dois garante nada.
Por exemplo, gosto
muito de um quadro de Arnold Böcklin, “A Ilha dos Mortos”, obra imensamente
popular entre o século 19 e 20, que me evoca o cemitério de Veneza, que é,
justamente, uma ilha, San Michele. Agora, Hitler tinha, em sua coleção
particular, a terceira versão de “A Ilha dos Mortos”, a melhor entre as cinco
que Böcklin pintou. Essa proximidade com Hitler só não me atormenta porque “A
Ilha dos Mortos” era também um dos quadros preferidos de Freud (que chegou a
sonhar com ele).
Outro exemplo:
Hitler pintava, sobretudo aquarelas, que retratam edifícios austeros e
solitários, e que não são ruins; talvez comprasse uma, se me fosse oferecida
por um jovem artista pelas ruas de Viena. Para mim, as aquarelas de Hitler são
melhores do que as de Churchill. Pela pior razão: há, nelas, uma espécie de
pressentimento trágico de que o mundo se dirigia para um banho de sangue.
É uma pena a arte
não ser um critério moral. Seria fácil se as pessoas que desprezamos tivessem
gostos estéticos opostos aos nossos. Mas, nada feito.
Os nazistas
queimavam a “arte degenerada”, mas só da boca para fora. Na privacidade de suas
casas, eles penduraram milhares de obras “degeneradas” que tinham pretensamente
destruído. Em Auschwitz, nas festinhas clandestinas só para SS, os nazistas
pediam que a banda dos presos tocasse suingue e jazz – oficialmente proibidos.
Para Sokurov, o
museu dos museus é o Louvre. Para mim, sempre foi a Accademia, em Veneza. A
cada vez que volto para lá, desde a infância, medito na frente de três quadros,
um dos quais é “A Tempestade”, do Giorgione. Com o tempo, o maior enigma do
quadro se tornou, para mim, a paisagem de fundo, deserta e inquietante. Pintado
em 1508, “A Tempestade” inaugura dois séculos que produziram mais beleza do que
qualquer outro período de nossa história. Mas aquele fundo, mais tétrico que
uma aquarela de Hitler, lembra-me que os dois séculos da beleza também foram um
triunfo de guerra, peste e morte – Europa afora.
É isto mesmo:
infelizmente, a arte não salva.
Texto adaptado de:
http://www1.folha.uol.com.br/colunas/contardocalligaris/2016/08/1806530-a-beleza-e-a-arte-nao-constituem-nenhuma-garantia-moral.shtml
Texto 5
SOMOS OS MAIORES INIMIGOS DE NOSSA POSSIBILIDADE DE PENSAR
Contardo Calligaris
Um ano atrás,
decidi seguir os conselhos de meu filho e abri uma conta no Facebook. A conta é
no nome da cachorra pointer que foi minha grande companheira nos anos 1970 e
funciona assim: ninguém sabe que é minha conta, não tenho amigos, não posto
nada e não converso com ninguém. Uso o Face apenas para selecionar um “feed” de
notícias, que são minha primeira leitura rápida de cada dia.
Meu plano era
acordar e verificar imediatamente os editoriais e as chamadas dos jornais,
sites, blogs que escolhi e, claro, percorrer a opinião de meus colunistas
preferidos, nos EUA e na Europa. Alguns links eu abriria, mas sem usurpar
excessivamente o tempo dedicado à leitura do jornal, que acontece depois,
enquanto tomo meu café.
Tudo ótimo, no
melhor dos mundos. Até o dia em que me dei conta do seguinte: sem que esta
fosse minha intenção, eu tinha selecionado só a mídia que pensa como eu – ou
quase. Meu dia começava excessivamente feliz, com a sensação de que eu vivia
(até que enfim) na paz de um consenso universal.
Mesmo na minha
juventude, eu nunca tinha conhecido um tamanho sentimento de unanimidade.
Naquela época, eu lia “L’Unità” e, a cada dia, identificava-me com o editorial.
Não havia propriamente colunistas: a linguagem usada no jornal inteiro já
continha e propunha uma visão do mundo. Ora, junto com “L’Unità” eu sempre lia
mais um jornal – o “Corriere della Sera”, se eu estivesse em Milão, o “Journal
de Genève”, em Genebra, e o “Le Monde”, em Paris. Nesses segundos jornais, eu
verificava os fatos (não dava para acreditar nem mesmo no lado da gente) e
assim esbarrava nos colunistas – em geral laicos e independentes, sem posições
partidárias ou religiosas definidas.
Em sua grande
maioria, eles não escreviam para convencer o leitor: preferiam levantar
dúvidas, inclusive neles mesmos. E era isso que eu apreciava.
Hoje, os
colunistas desse tipo ainda existem, embora sejam poucos. Eles estão mais na
imprensa tradicional; na internet, duvidar não é uma boa ideia, porque é
preciso criar e alimentar os consensos do “feed” do Face.
O “feed” do
Face, elogiado por muitos por ser uma espécie de jornal sob medida,
transforma-se, para cada um, numa voz única, um jornal que apresenta apenas uma
visão, piorado por uma falsa sensação de pluralidade (produzida pelo número de
links).
A gente se
queixa que a mídia estaria difundindo uma versão única e parcial de fatos e
ideias, mas a realidade é pior: não são os conglomerados, somos nós que, ao
confeccionar um jornal de nossas notícias preferidas, criamos nosso próprio
isolamento e vivemos nele. Como sempre acontece, somos nossos piores censores,
os maiores inimigos de nossa possibilidade de pensar.
De um lado, o
leitor do “feed” não se informa para saber o que aconteceu e decidir o que
pensar, ele se informa para fazer grupo, para fazer parte de um consenso. Do
outro, o comentarista escreve, sobretudo para ser integrado nesses consensos e
para se tornar seu porta-voz. O resultado é uma escrita extrema, em que os
escritores competem por leitores tanto mais polarizados que eles conseguiram
excluir de seu “jornal” as notícias e as ideias com as quais eles poderiam não
concordar: leitores à procura de quem pensa como eles.
Claro, que não é
um caso de ignorância completa, mas a internet potencializa a vontade de se
perder na opinião do grupo e de não pensar por conta própria. Essa vontade é a
mesma que tínhamos no meu tempo de juventude – se não cresceu. O que temos, na
verdade, é uma paixão pelo consenso.
Entre consensos
opostos, obviamente, não há diálogo nem argumentos, só ódio.
Em suma,
provavelmente, o resultado último da informação à la carte (que a internet e o
“feed” facilitam) será a polarização e o tribalismo.
Eu mesmo me
surpreendo: em geral, acho chatérrimos os profetas do apocalipse, que estão com
medo de que o mundo se torne líquido ou coisa que valha. Mas, por uma vez, a
contemporaneidade me deixa, digamos, pensativo.
Texto adaptado de:
http://www1.folha.uol.com.br/colunas/contardocalli-garis/2016/09/1817706-somos-os-maiores-inimigos-de-nossa-possibili-dade-de-pensar.shtml
Julie de Pádua atende em sua casa em Colombo no Paraná.
99705 4868
j.padua.letras@gmail.com
Julie de Pádua atende em sua casa em Colombo no Paraná.
99705 4868
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