A história de Akim - Por Rafael Lins - Bullying e cyberbullying
Akim
é um japonês de dezoito anos que está de mudança para o Brasil, porque sua mãe
recebeu uma proposta de emprego em Curitiba.
Ele
estava ansioso para ir à escola, pois sempre ouviu dizer que os brasileiros
eram muito receptivos. Quando chegou a sua nova escola estava ansioso para
conhecer a todos, mas logo percebeu que quando entrou na sala algumas pessoas
começaram a dar risadinhas.
Akim
estava muito chateado, e quando chegou em casa foi contar a sua mãe o que havia
acontecido, ela disse para ele que talvez isso fosse só uma impressão dele, que
seus colegas poderiam estar rindo antes dele chegar na sala.
Após
ouvir a possibilidade que sua mãe havia lhe dito, Akim foi para o computador
procurar em uma rede social o nome de alguns colegas da sua sala, que ele havia
ouvido na chamada, começou procurando pelo nome de uma garota que ele achou
muito bonita, o nome dela era Lárisa Souza, ele logo achou seu perfil e começou
a ver suas fotos, em uma das fotos ela estava com outro colega de sua sala, que
ele não fazia nem questão de saber o nome, pois o menino tinha um jeito
arrogante com todos os colegas. O nome desse garoto era Gabriel Nunes, mesmo
não gostando nada do garoto ele abriu o perfil do menino para ver se tinha algo
interessante, de cara não viu nada diferente, mas quando foi indo com o
rolamento do mouse mais para baixo, viu umas fotos de pessoas asiáticos com
legendas do tipo “esses asiáticos são todos iguais” em outras dizia “japoneses
e chineses só sabem fazer pastel”.
Akim
chamou sua mãe, que veio ver o que estava acontecendo, o menino mostrou para
ela as fotos e disse que achava que o tal de Gabriel só havia feito aqueles
comentários por sua causa, a mãe do menino disse que não tinha como ter
certeza, já que em nenhum momento ele havia citado o nome de Akim nas legendas,
Mas mesmo assim sua mãe resolveu imprimir aqueles comentários e guardá-los.
Na
manhã seguinte, Akim não queria ir para a escola, mas sua mãe disse que ele
precisava ir, e o levou de carro. Akim chegou um pouco atrasado e teve que
entrar na segunda chamada, quando o garoto entrou na sala, viu que algumas
pessoas esticarão os olhos com os dedos na tentativa de se parecer com um
asiático, e até ouviu Gabriel dizer a um amigo “Achei que ele não vinha porque
estava vendendo pastel na feira”, o que fez Akim ficar muito envergonhado e não
falar com mais ninguém o dia todo.
Quando
chegou em casa Akim contou o que havia acontecido para sua mãe, que disse que
no dia seguinte iria na escola conversar com o diretor e ver se poderia mudá-lo
de sala. E assim ela fez, no dia seguinte foi à escola, e falou para o diretor
o que estava acontecendo, o diretor disse para a mãe de Akim que não seria
possível mudá-lo de sala, mas disse que iria conversar com Gabriel e os outros
garotos.
Após
o intervalo uma inspetora foi chamar Gabriel e seus amigos na sala, e disse que
o diretor queria ve-los. Chegando à secretaria os meninos, disseram que Akim
estava intendendo errado e que eles não queriam ofende-lô. O diretor os liberou
e disse que esperava que essa atitude não se repetisse. Os meninos voltaram
para a sala furiosos, e quando passaram por Akim começaram a cerrar os pulsos,
como quem diz te pegamos na saída, Akim ficou morrendo de medo, mas não fez
nada.
Na
saída da escola os meninos começaram a seguir Akim, que cada vez mais acelerava
o passo, mas logo os garotos o alcançaram num viaduto, e começaram a chutar o
menino e dar socos em sua cabeça, até que Gabriel disse “Vamos ver se os
japoneses enxergam bem”, e num ato impensado empurrou o menino na frente de um
carro, que estava a cerca de 54 km/h, a última coisa que se pôde ouvir foi um
grito de susto vindo de Akim, que foi arremessado a cerca de 5 metros e caiu
desmaiado no asfalto, ao ver o que haviam feito os meninos saíram correndo para
todos os lados, nesse mesmo momento o motorista do carro que atropelou Akim,
sai do carro com as mãos na cabeça desesperado falando “O que foi que aqueles
meninos fizeram!”, em seguida pegou o telefone e ligou para a ambulância que
chegou ao local uns 7 minutos depois.
Lárisa
estava passando pelo local e viu uma ambulância saindo em disparada, então
perguntou a um colega de classe o que havia acontecido, o menino contou que o aluno
novo havia sido atropelado, mais ele não sabia muitos detalhes, ao ouvir
aquilo, Lárisa saiu correndo sem nem ao menos se despedir do garoto que havia
lhe contado o que aconteceu.
Lárisa
já estava ofegante quando chegou à casa de Akim e começou a bater palmas
loucamente, em seguida a mãe do Akim apareceu de avental na porta e perguntou
“Quem é você? E o que você quer comigo?”, a menina disse: ”é muito importante tem
haver com Akim”, só de ouvir o nome do filho a mãe de Akim abre o portão e a
deixa entrar, na sala mãe do Akim pergunta o que aconteceu com o filho dela, e
Lárisa responde “Aconteceu um acidente, o Akim foi atropelado no viaduto”, ao
ouvir isso seus olhos se encherão de lágrimas e a mãe do garoto sai correndo
desesperada pela rua sem nem olhar para os lados, quando chega ao viaduto ainda
desesperada pergunta para um guarda que estava no local onde levaram seu filho,
o guarda responde a mãe que seu filho foi levado para hospital Santa Clara, e
vendo o desespero dela ele pega a viatura da polícia a leva até o hospital. Chegando
lá ela pergunta a um médico “onde está meu filho? eu preciso vê-lo”, e o médico
responde a mãe do garoto, que ela não pode vê-lo porque ele estava no meio de
uma cirurgia, pois com a queda fraturou a coluna, após ouvir isso ela ficou
ainda mais desesperada, e nem se deu conta de que era observada por um homem.
Depois
de alguns minutos vendo o desespero da mãe do garoto que ele havia atropelado,
o motorista se apresenta a mãe do garoto e diz “Eu não queria atropelar seu
filho, foram uns garotos que o jogaram na frente do meu carro!” foi então que a
mãe do Akim se deu conta de que seu filho estava naquela situação por causa do
Bullying que ele havia comentado com ela.
Depois
de mais alguns minutos no hospital, a mãe do Akim se dá conta de que ficar lá
de braços parados não vai ajudar, então ela e o motorista seguem do hospital
direto para delegacia para prestar queixa, ela diz que o filho foi atropelado
após ser jogado na frente do carro por alguns garotos, o delegado diz que só
com o depoimento do motorista não era suficiente para se ter culpados, já que o
motorista não conhecia os tais garotos, então a mãe de Akim diz que quem foi
era um menino da sala dele, e o delegado pergunta, “como você pode saber, se
você nem estava lá?, Precisamos de mais provas”, ela olha para o delegado e diz
que vai consegui-las.
Chegando
em casa a mãe de Akim vai direto para onde guardou as impressões sobre os
comentários que Gabriel havia feito numa rede social, estava prestes a sair de
casa quando veio Lárisa com um menino e disse “Este é meu primo, ele viu quando
o Gabriel empurrou o Akim na frente daquele carro”, ouvindo isso o coração da mãe
de Akim ficou ainda mais cheio de esperança que ela conseguiria justiça, ela
pediu que o piá fosse junto com ela até a delegacia, o menino aceitou.
Quando
chegaram à delegacia, a mãe de Akim mostrou o papel com os comentários da rede
social, e o primo da Lárisa deu seu depoimento. Após isso o delegado seguiu
para a casa do Gabriel, e deu voz de prisão ao garoto, que nem tentou se
defender.
A
mãe do Akim volta ao hospital para ver como o filho está, e um médico diz para ela
que seu filho está em coma e está bem, mas que nunca mais voltará a andar. Isso
faz a mãe de Akim desabar em lágrimas, num misto de alívio e tristeza, porque
seu filho nunca mais poderá andar.
Após
um mês seu filho ainda está em coma, mas ela tem que deixa-lo para ir ao
julgamento de Gabriel. E como a mãe de Akim já esperava o garoto é condenado a
dez anos de prisão por tentativa de assassinato.
Mais
dois meses depois Akim acordou do coma,
sua mãe contou a ele o que aconteceu e após descobrir que nunca mais andaria, o
menino diz a sua mãe que quer ir embora do Brasil, sua mãe não contesta o filho
e juntos voltam para o Japão.
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